Na mais profunda noite dos meus tormentos me pesavam na mente a confusão e a melancolia.
O retiro e o silêncio pareciam convidar-me a um selvagem oblívio do qual me sentia presa inexorável.
E abandonei-me a um torpor irresistível onde me assolou um pesadelo execrável.
À beira de um negro abismo me prostrei,
E por sobre meu corpo vi adejar uma coluna de terríveis criaturas.
Perdido estava neste mundo louco,
E insano eu era nestas terras escuras.
O horror mais profundo eu vi colear por entre brumas e morros; e violentas sombras ouvi gritar de algum lugar no horizonte doente.
E vi a lua vermelha aspergindo seu veneno morfético por entre nuvens escuras como se disparasse uma miríade de raios em direção à decrépita terra que me abrigava. E aquela lua, como um olho vazado, se assemelhava ao olho do próprio senhor do Caos que a tudo vigiasse.
Vi horrendos seres descerem da lua e correrem pelos campos ao anoitecer; pareceram-me pequenos diabos a saltitar pela herdade dos homens. Oh, e como seus gritos causavam-me agonias extremas!
Da borda do abismo vi então emergirem seis bestas majestosas cada uma cavalgada por uma coisa-lobo com armas, brasões e escudos. E em cada peça, de ouro e diamantes, estava impressa a palavra IRA.
As bestas e seus montadores, junto com a coluna de feras aladas, deram então combate aos diabos da lua e o ar foi tomado por miasmas indescritíveis!
Enlouquecido pelas visões daquele mundo demente perdi os sentidos e caí pela borda do titânico abismo negro.
E nunca mais ser mortal algum logrou avistar-me entre os vivos, pois aqui estou e estarei cativo eternamente nestas trevas tártaras; nestas plagas profanas onde o Aqueronte escorre suas águas espessas tal qual pústula infecta. Eu, o caçador do insólito, preso nas chamas do horror onírico que tanto persegui.
À beira de um negro abismo me prostrei,
E por sobre meu corpo vi adejar uma coluna de terríveis criaturas.
Perdido estava neste mundo louco,
E insano eu era nestas terras escuras.
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