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17.11.06

O HOMEM QUE MATOU O DIABO


De: Henry Evaristo





INTRODUÇÃO

Como morador da região amazônica, mesmo tendo vivido boa parte de minha vida em outros lugares, encontro em mim, de quando em vez, rastros de uma cultura peculiar ao norte do país. Aquí ainda se crê, de certa forma, em coisas e lugares encantados e em criaturas fabulosas; Uma herança de nossos irmãos índios que explicam o mundo através do animismo e dos mistérios das matas. Este conto se insere nesta via inegável de minha concepção literária; a do horror que se esconde por entre as árvores. porém, difere-se dos outros pois é, até o momento, o que mais trás em sí elementos culturais de minha região.


O HOMEM QUE MATOU O DIABO

Janjão Feitosa era um homem rude que morava às margens de uma velha floresta tropical. Certo dia, vendo que os suprimentos da casa estavam no fim, resolveu ir caçar algo para alimentar sua esposa e filhos. Era seis da manhã quando ele entrou na mata levando apenas o velho rifle que fora de seu pai e acompanhado de Jivagão, o cachorro vira-latas. Não notou nada de diferente nas sombras das árvores e nem na maneira como os galhos e folhas estavam se arqueando em sua direção num sentido totalmente oposto ao do vento.

Chegando a um imenso tronco ressecado e arriado, que servia agora de moradia para insetos e pequenos roedores, Janjão parou. Depositou a arma no chão e amarrou o cachorro em uma parte mais saliente da madeira do tronco morto. Depois se sentou, recostou-se à superfície áspera do caule enorme e se pôs a esperar. Já era quase nove horas.

Com o avançar do dia, o calor crescente emprestou à atmosfera uma sensação de fadiga que lentamente foi tomando conta do caçador sem que este ao menos se apercebesse. Envergando o corpo involuntariamente para o lado, deixando-se abandonar a um torpor febril que emanava de todos os lados da floresta, Janjão caiu num sono profundo mas perturbado por sonhos estranhos. Ao seu lado, Jivagão, o cachorro, ergueu as orelhas atento e emitiu um grunhido desconfiado.
Dormia Janjão a mais de sete horas quando acordou. A floresta começara a mergulhar no fim da tarde e a luminosidade do dia precisava agora disputar espaço com as primeiras sombras da noite. Assustado e desorientado, o caçador olhou para os lados; Não entendia o que ocorrera; Como podia ter dormido daquela maneira, no meio de uma tocaia de caçada. Assustou-se ainda mais quando percebeu que Jivagão não estava mais amarrado ao seu lado como o deixara. A sua cordinha pendia solta da ponta de madeira onde a amarrara. Com um impulso firme e decidido ele levantou-se. Agarrou a arma que continuava no mesmo lugar e ia engatilhá-la quando ouviu um grupo de galhos estalando atrás de sua cabeça. Com um pulo ele se virou; Bem a tempo de ver assomar do meio da mata a cabeça peluda e esbranquiçada de Jivagão, que tinha um olho vazado e húmido. O cachorro estampava uma careta zombeteira.Janjão ficou parado olhando aquela abominação. Depois o animal saltou para fora de seu esconderijo nos arbustos e, com as patas frontais erguidas, começou a executar uma dança sobrenatural. O caçador não podia acreditar! jivagão tinha os membros inchados e exalava um odor terrível de decomposição. Às vezes soltava uns gritinhos que se assemelhavam hora ao balir das ovelhas, hora ao guinchar dos porcos.

De repente parou e ficou imóvel. Das fuças escorria uma baba esverdeada que, ao bater na terra, entrava imediatamente em ebulição. Janjão deu dois passos atrás e engatilhou o rifle. O cachorro, que fitava as matas quando parou de rodopiar, girou o pescoço para trás, numa volta completa, sem, no entanto, mover o restante do corpo que continuou voltado para a direção em que estava. Tinha as pupilas dilatadas rodeadas por pálpebras inchadas." Janjão, meu filho, eu sou o dia..." Ia dizer, mas o disparo da arma do caçador o interrompeu espalhando pedaços de sua cabeça horrenda pelos caules das árvores mais próximas." Disgraça!" Disse Janjão. "Vô pricisá di um cachorro novo".

Janjão Feitosa, como já disse, era um homem rude da floresta. Nunca tinha ouvido falar em teologia nem em dogmas religiosos. Conhecia as assombrações da mata por ensinamentos de seu pai e de seu avô e desde cedo aprendera que a melhor maneira de se lidar com um malassombro era metendo bala nele. Em outras coisas não acreditava, não senhor!


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