ACESSE O BLOG OFICIAL DO LIVRO "UM SALTO NA ESCURIDÃO"


PUBLICAÇÕES MAIS RECENTES

13.1.10

MELISSA - Henry Evaristo



MELISSA
Henry Evaristo


Melissa procurou o terceiro banco, aquele mais distante e além dos ruídos alegres do fim da tarde, porque não queria que sua profunda melancolia corresse o risco de ser contaminada pelo ritmo frenético e cheio de luz da vida noturna daquela cidade. A felicidade, e quaisquer que fossem suas manifestações no mundo físico, não a interessavam naquele momento. Não se sentia merecedora de mais nenhuma dose do ardor com que se impregnavam as vidas de todos aqueles que por ali evoluíam. Sentindo uma incontrolável dor em sua alma, Melissa buscava a solidão. Criatura condenada e perdida que se sentia, pensava numa morte impossível a todo instante.

Do terceiro banco ela espiou as vagas escuras, que se formavam adiante num movimento contínuo, imaginando se até mesmo ali suas agruras a perseguiriam. Ficaria livre dos homens e mulheres ao misturar-se a elas? Ficaria novamente imaculada? Se lhe desapareceriam todas as lembranças ruins? Todos os feitos hediondos? Seria ela liberta de suas dívidas com Deus?

Olhou para o céu e depois para as montanhas mais além. E chorava discretamente quando se questionou sobre o porquê de sua maldição. Tudo no mundo lhe transmitia um odor aziago e até mesmo o toque de sua pele (por baixo da minissaia) na superfície fria da madeira do banco espalhava por seu corpo ondas de agonia indescritíveis. Sentia vontade de vomitar, de explodir, de expelir de seu corpo séculos e séculos de matérias tomadas à força. Algo dentro dela gritava com potência titânica e todos os seus sentidos estavam amplificados. Logo os ponteiros de seu relógio avançariam mais para as horas escuras e solitárias e, por mais uma noite, perderia a batalha contra seu monstro interior.

Impotente e resignada, Melissa se levantou; e se jogou para cima com um movimento brusco. Seu corpo flutuou pelos ares e foi empoleirar-se no alto de um velho farol abandonado. De lá ela via a tão longínqua vida a circular pelas avenidas e praças. Lá ela esperou até que a madrugada lhe apresentasse o primeiro homem de passos trôpegos que resolvesse se aventurar por alguma viela deserta; que adormecesse de janelas abertas; ou que se detivesse na areia da praia para contemplar o grande oceano. Lá ela esperou amaldicoando-se por isso, mas, ao mesmo tempo, sentindo que cada vez mais sua consciência se esvaía; se afastava da superfície deste mundo, cedendo lugar a um horror irracional feroz, brutal e faminto.




Um comentário:

Anônimo disse...

Sombrio, mas principalmente melancólico e poético.

LÊ AGORA!

A Rainha dos Pantanos - Henry Evaristo

Virgílio - Henry Evaristo

UM SALTO NA ESCURIDÃO - Henry Evaristo publica seu primeiro livro

O CELEIRO, de Henry Evaristo

Índices gerais

COMUNICADO

Este blog possui textos e imagens retirados de outros sites. No entanto, não temos intenção de nos apropriar de material autoral de quem quer que seja e solicitamos a quem não desejar ver sua obra republicada pela Câmara que entre em contato pelo e-mail disponibilizado para que nós possamos retirar imediatamente o conteúdo.

Qualquer contato pode ser feito pelo e-mail:

voxmundi80@yahoo.com.br



Henry Evaristo

Clique nos meses para ver nossas publicações.

Colmeia: O melhor dos blogs

LICENÇA DE USO DO CONTEÚDO DESTE BLOG

Selos de qualidade recebidos pela CT!

<b>Selos de qualidade recebidos pela CT!</b>
Indicado por Carla Witch Princess do blog WITCHING WORLD e por Tânia Souza do blog DESCAMINHOS SOMBRIOS.

Indicado pelo site GOTHIC DARKNESS

Indicado por Duda Falcão do blog Museu do Terror (www.museudoterror.blogspot.com)


Oferecido por Pedro Moreno do blog CRIPTA DE SANGUE



Indicado por VAMPIRELLA do blog Artes VAMPIRELLA http://vampirella84arts.blogspot.com/




Criado por WITCH PRINCESS; indicado por Tânia Souza do Descaminhos Sombrios.

Blog indicado: MASMORRA DO TERROR


AVISO AOS ESPERTINHOS!

CÓDIGO PENAL - ARTIGOS 184 E 186


Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 2º Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.

§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 4º O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto.



Seja um fiel seguidor da Câmara dos Tormentos!

LÊ AGORA!

Matilhas - Henry Evaristo

O Lugar Solitário - Henry Evaristo

A Clareira dos Esquecidos (primeira parte) - Henry Evaristo

O OCASO DE HAES-NORYAN, de Henry Evaristo

EU REÚNO AS FORÇAS DOS ABÍSMOS , de Henry Evaristo

Antologia do Absurdo! Um valhacouto de histórias trêfegas! Adquira o seu!

<b>Antologia do Absurdo! Um valhacouto de histórias trêfegas! Adquira o seu!</b>
Para mais informações, clique na imagem!