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26.5.08

OLHE BEM NOS MEUS OLHOS

Pedro Pazelli, do Rio de Janeiro, estréia como colaborador da Câmara com um conto inserido no fantástico universo circense.


OLHE BEM NOS MEUS OLHOS
de Pedro Pazelli


O mágico e hipnotizador convidou uma das pessoas da platéia para vir à arena. O senhor gordo, careca e de óculos aceitou todo solícito e colocou-se ao lado do artista, que lhe pediu logo os óculos, colocou-o dentro de um lenço e imediatamente o objeto desapareceu, indo aparecer, para surpresa de todos, dentro da bolsa de uma senhora da primeira fila da platéia. Todos no circo bateram palmas com entusiasmo.

A seguir, convidou uma jovem, que afirmou não acreditar em hipnotismo, para ser cobaia de uma experiência, neste sentido.

Ela relutou bastante até aceitar. Entrou na arena e o prestidigitador ordenou:


-Olhe bem nos meus olhos!

- Obedeceu, mas visivelmente irônica, até ficar completamente hipnotizada. A partir deste momento, obedecia tudo o que ele pedia, no final, tirar toda a roupa, o que só não se concretizou completamente, porque o próprio hipnotizador, prontificou-se a faze-la voltar a sí, quando já havia tirado a blusa e se preparava para tirar o sutiã. Afirmou que não lembrava de nada do que fizera. Muito envergonhada, de ter duvidado, e de ter se exposto tanto, não quis ficar mais na platéia para assistir o resto do espetáculo e foi embora. Todos aplaudiram mais ainda que da outra vez.

Após findar seu trabalho, o já afamado artista, foi aos camarins, trocou de roupa e saiu para a rua naquela noite fria e chuvosa. Conhecido como “O Grande Karan”, ele sabia que não era tão grande assim. Nem ele, nem sua arte tinham tanto brilho quanto o letreiro colocado na porta do teatro, anunciando seu espetáculo.Não era grande também a sua situação financeira. Devia três meses de aluguel do kitinet no qual morava.

Akan pegou o ônibus e se dirigiu para lá, planejando no dia seguinte, chamar Átila, o dono do circo para uma conversa muito séria, após o espetáculo. Antes de dormir, fez suas orações e pediu a Deus que o ajudasse a ter sucesso nas suas intenções.

- O quê?! Que comissão é esta?- admirou-se Átila.

- Quando assinei o contrato você disse que, após seis meses de temporada, além do que está me pagando, eu receberia mais trinta por cento e já se passaram oito meses!

-Você enlouqueceu! Nem os artistas que moram no circo e viajam comigo recebem isto, ainda mais um artista iniciante...

- Iniciante, sim, mas a mídia está o tempo todo falando de mim, o cartaz na porta e os anúncios nos jornais fazem menção ao meu nome e o circo está cheio por causa de mim.

- Só porque apareceu na televisão como parte da nossa estratégia de marketing, agora já acha que é o melhor do circo, é?

- Eu não disse isto! Só quero o que é meu e você prometeu. E o meu aluguel? Está atrasado e preciso de dinheiro e por isso...

- E eu, não tenho despesas também não? O seu número não é só você não, meu caro! Tenho que pagar o Carlos que você finge desaparecer com o relógio dele, a Sandra que fica na platéia com outro relógio igual na bolsa, e a Débora que simula o hipnotismo. Contando com você, são cachês de quatro atores.

- Você prometeu!

- Não me lembro disto! Aonde, no contrato, está no contrato?

-Foi verbal e você sabe disto. Não há nada escrito, mas você falou! Disse que assim que o circo começasse a dar lucro você...

- Se eu disse, fica o dito pelo não dito, e pronto!

- Tá legal! Vou embora. Já fui convidado pela Boate Limmer para fazer o mesmo espetáculo ganhando mais.

-Nada disto! Nosso contrato é de dois anos e você ainda tem dezesseis meses a cumprir. Se quiser, após este período eu melhoro o seu contrato, se não, rompimento de contrato, aí sim, está lá na cláusula oitava: Você terá que me indenizar e meus advogados sabem muito bem cuidar disto. Existem muitos mágicos e hipnotizadores doidos para pegarem o seu lugar. Você não é mágico? Faz aparecer dinheiro e paga o aluguel – ironizou o patrão.

-E um adiantamento?

-Adiantamento de que? Não é praxe da casa. Aqui é assim: trabalhou, recebe, não trabalhou, não recebe.

Akan sabia muito bem o que dizia a cláusula oitava. Não podia desistir. Estava escravizado a um contrato com letras miúdas que nem lera antes de assinar, tão eufórico estava com a possibilidade de arranjar emprego após tanto tempo desempregado.

Após esta conversa infrutífera o ilusionista saiu para a escuridão da noite. Envolto em seus pensamentos, perguntou para sí mesmo: -Por que Deus não me ajudou? Eu pedi tanto, ontem...-


Outros pensamentos vieram e por fim, desejou que sua mágica e seu hipnotismo fosse verdadeiro e que, assim, pudesse fazer Átila sair da sua vida, pois ficaria livre do contrato, podendo fechar um novo em bases mais justas. Desejou que uma força maligna, se existisse, tomasse conta do assunto a seu favor. Notou que uma névoa começou a tomar conta da rua e quando atravessou esta névoa, estava em um local totalmente diferente, uma rua de terra, carruagens passavam, pessoas andavam semidespidas, os prédios e casas eram de estilo medieval e tudo possuía um tom avermelhado. Um homem estranho aproximou-se e perguntou:

-Você não é daqui, é?

-Que lugar é este? –devolveu.

-Você está em outra dimensão. No mundo da magia.

No dia seguinte, Akan, irrompeu no escritório do circo gritando:

- Átila, tenho um novo número sensacional para apresentar no espetáculo desta noite.

Sem levantar a cabeça do papel que estava escrevendo apenas resmungou alguma coisa que não deu para entender.

- Atila, estou falando com você. – insistiu.

- Fala logo. Não vê que estou ocupado?

-Serei rápido. Olhe bem nos meus olhos.- pediu

- Ora Karan!-esbravejou. – Não me venha com brincadeiras esta hora! Esta frase impressiona o público, menos a mim, que sei como tudo funciona. Você devia estar se preparando porque o espetáculo já vai começar e...

- Calma, Átila! Tenho certeza que você não vai se arrepender se perder alguns segundos. É um truque que jamais esquecerá e vai mudar sua vida!

- Está bem!-disse fazendo cara feia e cruzando os braços com raiva. Seja breve.

- Olhe bem nos meus olhos. – insistiu Karan.

- Estou olhando. E daí? – ironizou.

Após alguns segundos Átila abriu uma gaveta da mesa onde estava sentado, pegou o contrato que tinha com o mágico e entregou-lhe. Akan fez gesto com uma das mãos e o contrato pegou fogo. Depois falou para o hipnotizado:

- Assine agora este outro contrato, passando o circo para o meu nome.

Átila assinou.

Por fim Karan deu a última ordem.

- Suma daqui – e entrou na arena para fazer o seu espetáculo. O barulho das palmas era tão intenso e a ocupação e atenção de todos que trabalhavam no circo era tanta que ninguém viu quando Átila saiu com o carro puxando um trayler com seus principais pertences. Só no dia seguinte é que foram notar a sua falta. Akan explicou que comprara o circo, e que Átila resolvera mudar-se para outra cidade, fato que caiu na desconfiança de alguns, mas como o antigo patrão, não era querido pelos empregados, logo o fato foi esquecido e Akan continuou fazendo seu número e ao mesmo tempo gerenciando o circo, reajustou os contratos do empregados em valores justos, o que fez angariar a simpatia da maioria.

Karan tinha aprendido, em outra dimensão, a ser um mágico e um hipnotizador de verdade.

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