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28.4.07

FORÇA MORTAL



É com muito orgulho que a Câmara apresenta a participação de mais um fenomenal novo escritor da literatura fantástica. O escritor português Alexandre Cthulhu estreia em nossas negras páginas com um conto perturbador sobre as forças malignas do arqui-inimigo do homem.

Agradecemos a gentileza e consideração do autor em nos enviar este seu novíssimo trabalho ainda inédito em toda a internet para que podessemos disponibilizá-lo em primeira mão para os amigos da Câmara dos Tormentos.



FORÇA MORTAL





Quero a minha vida de volta
Destruidora abstinência
Ilustre indulgência
Que me mantém forte,
Apesar da morte!

A espada brilha no altar
O sino badala estridente
Oh, alma indolente
Que teima em não ressurgir

Liberta a força que há em ti
Pobre ser vivo
Esquartejado e sacrificado
O teu sangue derramado
Sob o pentagrama
Enquanto eu jazo na lama
Das trevas

Satan,
Quero viver
Livrai-me da placitude
Livrai-me da morte
Traz-me à vida
Faz-me Forte!

Sou líder de uma banda de “Black Metal” com o nome “Terror mortal”. A banda já gravou um CD e neste momento está a preparar o segundo. Eu sou guitarrista e vocalista, e também sou responsável pelas letras das músicas da banda. Este poema (força mortal) é o tema principal do trabalho que os “Terror Mortal” pensam lançar em breve.

Como me inspirei para o escrever?
Não foi há muito tempo que me descobri satânico.

Não nascemos ateus nem cristãos. Nascemos satânicos.
“Satan representa indulgência e não abstinência!
Satan representa todos os denominados pecados, uma vez que todos eles conduzem à gratificação física, mental e emocional”




Toda e qualquer criança é satânica assim que nasce, e à medida que vamos crescendo vamos perdendo toda a pureza e tornamo-nos “noutra coisa” diferente por influência, ou por imposição.


Tenho reflectido muito sobre os dogmas da religião e sob a qual a nossa educação é erigida. A religião não é dada como algo garantido à nascença. Ninguém pode afirmar que uma criança quando nasce, vai seguir o caminho de Jesus Cristo ou de outro profeta qualquer. Mas eu posso afirmar que quando somos crianças, somos indulgentes. Não nos privamos dos nossos desejos naturais e inatos, e fazemos tudo para obter o que desejamos num determinado momento.

O satanista não adora o “diabo”. Esse ser é uma figura cristã. Eu venero-me a mim mesmo. Satan é uma palavra de origem hebraica que significa,”adversário”, opositor”, “inimigo”. Satan é o “opositor” de todo e qualquer Deus. Assim, o único Deus que eu reconheço – Sou eu próprio!
A minha mulher, Ângela, uma musa lindíssima que conheci num concerto dos “Moonspell”, não partilha desta minha tendência ideológica nem da minha forma de estar na vida. Contudo, é uma fiel companheira, e eu amo-a acima de tudo.
Ela corresponde-me com todo o seu amor e pureza. Além disso, também faz parte da banda. É uma excelente baixista.
O mesmo já não posso dizer dos meus pais, que não aceitam esta minha atitude (o tornar-me satanista, e formar uma banda que invoca a morte e Satanás). Eles simplesmente cortaram relações comigo e com a minha querida Ângela.
Esta tomada de decisão por parte deles, deve-se, em grande parte, ao facto de ambos serem Católicos praticantes, e por mais que eu lhes tente explicar que, ter-me tornado satanista, não implica adorar o demónio (nem sequer realizar rituais macabros), eles não aceitam.

Decidiram deixar de falar comigo, e mentiam aos seus amigos sobre mim, afirmando que o “guitarrista” dos “terror mortal” não era o filho deles. Afiançavam que o “Zé” (como sempre me chamaram desde pequeno) tinha ido estudar para um colégio particular em Lisboa.

Bem, a verdade é que eu e Ângela vivemos em dificuldades!

Além da banda, eu e Ângela não temos absolutamente, nada, e eles têm tudo: São proprietários de várias ourivesarias, vivem luxuosamente, habitam numa vivenda com piscina e garagem...enfim, têm mesmo “tudo”!
Na segunda-feira passada o proprietário da garagem onde a banda costuma ensaiar, ameaçou-nos de despejo, pois as contas da banda não andavam bem, e o dinheiro não chegava para tudo. Decidi recorrer aos meus pais para me ajudarem, mas eles acabaram por me humilhar, e acabei por sair da casa deles, sentindo-me mal tratado como se fosse um mendigo. O meu pai até teve a coragem de me informar que me tinha deserdado, que já tinha falado com o advogado da família para alterar o seu testamento.



Quando regressei a casa, foi a minha doce Ângela que acabou por me consolar e acalmar.
- O que eu mais queria era que eles morressem! – Bradei eu desesperado e cheio de fúria.
- Tem calma, meu amor. Eles não merecem o filho que têm! – Sussurrou-me a minha amada, numa tentativa vã de me consolar.



Eu era filho único.
Durante toda a minha infância todos os mimos e atenções eram apenas dirigidos para mim. Nunca me preocupei em arranjar emprego ou dedicar-me aos estudos porque achava que tudo o que eles possuíam, um dia seria meu. Mas estava enganado. O facto de ter saído de casa prematuramente (casara-me com Ângela, apenas com 18 anos), ter adoptado um estilo de vida e forma de pensar (e até de vestir), completamente antagónica à deles, levou-os a “castigarem-me da forma mais rude que podia alguma vez imaginar – Tirarem-me tudo a que tinha direito.
Na terça-feira, após ter estado a ensaiar com a banda, voltei a casa um pouco deprimido, pois tinha discutido com os restantes elementos devido a divergências que começavam a nascer entre nós. Eu andava nervoso. Mais uma vez foi a minha linda Ângela que me confortou.
- Odeio os meus pais. O que eu mais queria era que eles morressem! – Desabafei naquela noite. Sentia-me desesperado.
- Eu também os odeio, amor. – Redarguiu Ângela num tom triste.
- Se continuarmos assim, vamos ter acabar com a banda, amor.
- Mas a banda é tudo o que temos, querido. Foi tudo pelo que sempre lutaste – Afirmou ela.
- Não dá amor. Temos que arranjar dinheiro. Temos que parar com a banda, e arranjar um emprego, sei lá...
- Não, lindo! Os teus pais têm que nos ajudar. Eles são ricos, porra!
- Sabes que não posso contar com eles para nada. Até já me deserdaram, como tu sabes!
- Porque tu deixas-te! A tua religião diz, “Satan representa bondade para aqueles que merecem e não amor desperdiçado em ingratos”. “Satan representa vingança e não dar a outra face”! – As palavras dela eram como murros no meu estômago.


Aos poucos, e também de uma forma subtil, Ângela precipitou-me para “aquele abismo” que Allan Poe descreve no “Demónio de perversidade”, impelindo-me para os limites da minha loucura.
“Se algo lhes acontecesse, tudo aquilo seria nosso”...”Eles tratam-nos como mendigos, quando dizemos que precisamos da ajuda deles”...”Parece que gostam de mandar nas nossas vidas”...
“Algo tem de ser feito, Zé!...Faz algo”...

Todas estas frases, proferidas por Ângela, na sua voz musical e doce, badalavam lugubremente no meu espírito. E badalaram sempre, noite após noite, até à data do eclipse solar, que coincidia com uma enigmática sexta-feira, dia 13 de Agosto.


Nessa manhã acordei um pouco alucinado. Tinha sido atormentado durante toda a noite por pesadelos apavorantes.
Sobre a mesa-de-cabeceira estava um bilhete dobrado – era de Ângela.

“Meu amor,
Na vida, temos poucas oportunidades para sermos felizes. Só se é realmente feliz quando fazemos aquilo que gostamos. Se achas que devemos ir trabalhar, tudo bem. Mas lembra-te que tens uns pais ricos, e se eles te deserdaram, não tendo eles mais filhos, a quem vão deixar aquela fortuna toda? À igreja, amor?

Pensa nisto.
Volto à noite
Amo-te para sempre (e mais um dia)
Beijos

Ângela”



Abandonei o apartamento com o desespero na minha alma.


A primeira coisa que fiz foi penetrar na tasca que fica em frente à minha porta, e logo ali emborquei duas cervejas.
Segui caminho a pé até à casa dos meus pais, e a meio do percurso parei num café, onde bebi mais umas cervejas com whiskys pelo meio. Repeti este ritual...nem sei quantas vezes, durante todo o dia.

Atravessei a ponte e observei a paisagem.
“O rio quando permanece na sua placitude, parece embalar as pequenas embarcações no seu regaço, tal como uma mãe acarinha um rebento no seu colo” – meditei.
Recordei-me da face terna da minha mãe e chorei. Contudo, as minhas lágrimas secaram sob o negror súbito que se apoderou, não do meu espírito, mas...do mundo! O eclipse estava a ocorrer, e eu senti-me assombrado. Ai de mim!... Paulatinamente suportava o despertar do assassino que se incubava no meu corpo. Em vão, tentei reprimi-lo, mas a sua malvadez era poderosa e apossou-se vagarosamente da minha alma.


E, foi já metamorfoseado neste “carrasco” que me aproximei da casa “deles”.
Oh sim, a noite já mostrara a sua face, e eu...não. Eu não estava possuído! Antes pelo contrário. Os possessos não entendem nada.
Enfiei um gorro pela cabeçorra abaixo. Contornei o casa até às traseiras e galguei o muro pelo local onde o fazia sempre, quando não queria que eles soubessem a que horas eu chegava a casa.


Eu estava bem disfarçado. Se alguém me visse ali, não podia afirmar que era “eu”, aquele que ali vivera tanto tempo. O “zorro” (o RottWeiller) aproximou-se de mim a rosnar. De imediato assobiei-lhe e ele reconheceu-me. Dei-lhe duas festas e mandei-o afastar, o que ele fez obedientemente.
Trespassei a porta das traseiras e penetrei pela casa dentro. A aparelhagem estava ligada. Tocava “cânticos religiosos”. Aproximei-me da sala, mas inesperadamente fui surpreendido pelo meu pai.

Nem olhei para o rosto “dele”.
Puxei do punhal e descarreguei-lhe vários golpes no peito e nos braços. Também o atingi na cara e nesse momento ele caiu brutalmente no chão, ficando a arfar nem um animal em aflição. Não posso afirmar quanto tempo mais ele se aguentou naquele sofrimento.
Imediatamente a seguir, dei pela presença “dela”. Aproximou-se aos gritos. Estranhamente, não lhe reconheci a voz.
Atirou-se a mim, tentando-me deter. Elevei o braço para a apunhalar, mas ela conseguiu desviar-se, prendendo-me a mão, mordendo-a ferozmente. Este gesto despertou ainda mais a minha ira. Num movimento brusco, acertei-lhe com um pontapé na cabeça, que a fez recuar. O efeito do álcool não me deixava ver com nitidez. Por isso esperei o momento oportuno para lhe dar um golpe que a imobilizasse, pois ela já se preparava para fugir em direcção à rua.
Ergui-me e corri atrás dela, prendendo-a pelo pescoço. De seguida, levei-a ao chão e atingi-a com a lâmina no braço direito. Gritou e ficou agarrada ao membro. Num ímpeto, saltei para cima dela e desferi-lhe várias punhaladas no peito. O último golpe que lhe descarreguei tirou-lhe de imediato a vida. Ela nem gritou nem gemeu, apenas ofegou durante uns segundos, depois desfaleceu. Não perdi tempo a certificar-me se respirava ou não.


Estava feito. O meu tormento terminara ali, naquele momento.
A aparelhagem ainda tocava os cânticos religiosos. O Zorro ladrava estridentemente lá fora. Não havia de tardar, que a curiosidade dos vizinhos os levassem a ir lá bater à porta para saber se estava tudo bem. Seguidamente viria a policia. Eu tinha que abandonar a casa rapidamente.



Não podia deixar as coisas assim. Apesar de eu calçado umas luvas descartáveis, eu também estava a sangrar. Portanto havia “provas” que me comprometiam seriamente. Tinha que pensar rápido.
Tentei imaginar “algo” que eliminasse estas provas. Lembrei-me de um incêndio, e num ápice dirigi-me à cozinha, e desapertei completamente a válvula do gás. Depois abri os quatro bicos do fogão e o esquentador também.
Seguidamente, abandonei a casa pelas traseiras, e de lá atirei o isqueiro aceso para o interior da residência. O zorro ainda correu atrás de mim na brincadeira, mas eu nem lhe liguei,
Não podia perder tempo nem deixar vestígios. Quando o gás chegasse até à chama do isqueiro, havia de se dar uma explosão e a casa ficaria em labaredas, bem como os cadáveres deles. Assim, tudo indicava que teria sido um assalto “mal sucedido”.

Não cheguei a perceber se a casa explodira ou não. Não escutara nenhum estouro. Contudo, foi com bastante rapidez com que me ausentei do local. Corri velozmente pelo meio do matagal que se estendia através da zona envolvente daquela localidade que eu tão bem conhecia. Brincara ali durante todo meu tempo de escola...
Tive que parar para estabilizar a minha respiração. Doíam-me os músculos das pernas de tanto correr.
Inesperadamente começaram a afigurar-se-me algumas recordações da minha infância. Senti um vazio, e comecei a ficar cheio de frio. O “monstro” tinha-me abandonado. Oh, eu já não era “ele”. Voltara a ser o Zé, como carinhosamente a minha mãe me chamava... – Tentei sacudir essas doces recordações do meu espírito, mas não consegui. Então voltei a correr. Corri quilómetros até à localidade mais próxima, onde tomei um táxi até casa. Só pensava em cair nos braços da minha doce Ângela.

O apartamento estava estranhamente escuro. Pensei que Ângela ainda não pudesse ter voltado. Mas de imediato ela apareceu vinda da sala. Estava fascinantemente bela. Trajava uma longa camisa de dormir, toda preta e transparente, que lhe realçava toda a sua volúpia. Trazia o cabelo completamente solto. Oh, como eu a amava aquele seu estilo gótico, que tanto me fascinava.
Senti o seu abraço forte e duradouro. Depois, pegou-me pela mão e levou-me para a sala, que estava iluminada por dois candelabros que seguravam umas longas velas pretas que ardiam serenamente.

- Já está, minha querida...Acabei com eles! – Sussurrei entre soluços agoniantes.
- Não penses mais nisso, meu amor. O pior já está! – Redarguiu ela com uma voz inexpressiva, pousando a sua mão suave sobre o meu cabelo.


Eu e Ângela acabámos a noite a fazer amor. Amámo-nos como nunca, num clima de loucura e muito desejo. Eu era louco por ela. Eu morria por ela. Eu matava por ela...

Às três e meia da madrugada, a porta da minha casa é sacudida por violentas pancadas que me fizeram despertar meio perturbado. Ergui-me da cama e fui ver o que se passava. Ângela também já estava acordada.


- Quem está aí? O que quer? – Inquiri.
- Policia!...abra a porta imediatamente – A voz soara fria e penetrou pela minha casa dentro.
Respirei fundo. Apertei o Baphomet (1) que trazia ao peito e abri a porta tranquilamente. Não quis demonstrar qualquer receio ou hesitação.


Deparei-me com três agentes da Policia Judiciária, bastante sisudos.
Um deles, ainda disse “boa noite”. O outro, que parecia mais graduado, perguntou-me o nome informou-me de que o Juiz de turno do tribunal de Aveiro emitira um mandato de captura, e que teriam de me deter imediatamente.
Naquele instante parecera-me que o meu corpo tinha ficado sem sangue. Olhei para o agente e ofereci-lhe os meus punhos, que ele agrilhoou com um par de algemas grossas e frias.

Abandonei a casa com os meus olhos fixos em Ângela, a quem eu dirigi um breve “amo-te muito” através dos meus lábios mudos. Depois fui abruptamente transportado para o jeep, que arrancou moderadamente.
Na esquadra fui sujeito a um extenso e fatigante inquérito por parte do chefe de brigada, que me informou sobre os crimes que eu era suspeito: Homicídio e tentativa de ocultação de crime.
Também me comunicou que havia testemunhas que declaravam ter-me visto no “local do crime” na noite de sexta-feira, dia 13 de Agosto.

Por fim, recolhi aos calabouços húmidos, onde aguardei pelo desenrolar das investigações. Comecei a cismar se o agente não estaria a fazer “bluff” com aquela história das testemunhas, pois seria impossível alguém ter-me avistado por ali, até porque eu estava encapuzado.

(1) Também conhecido como Bode de Mendes, criado por Eliphas Levi no sec. XIX. Representa a absorção do conhecimento. È usado como Símbolo dos Satanistas com um pentagrama invertido.




Ninguém me vira a entrar ou a sair da casa, e Ângela testemunharia em como eu tivera todo o dia com ela. Aliás, Eu e Ângela tínhamos elaborado um plano para que eu tivesse um “álibi” perfeito. No dia anterior, gravamos uma longa discussão, lá na garagem onde ensaiávamos. Na sexta-feira, Ângela colocaria o CD na aparelhagem lá de casa, por volta das oito da noite, para que os vizinhos nos escutassem – Assim eram levados a crer que eu estava em casa naquela noite.


Se ainda me julgam louco ou possesso...
Contudo, foi com a mais pura das descontracções que me detive por ali a aguardar que tudo se resolvesse, pois eles não poderiam ter provas que me incriminassem, de facto.


De manhã fui acordado pelo ruído da abertura da porta da minha cela.

-Senhor José, venha comigo. – Ordenou o guarda prisional com uma voz firme.
- Concerteza, senhor guarda. Finalmente os “bófias” concluíram que estou inocente, não é verdade? – Indaguei.
-Não, senhor José. Você tem visitas!
- Visitas?... Quem? A minha mulher? – Insisti ansioso.
-Não. Dos seus pais! – A frase produzira o efeito de um tiro na minha cabeça. O guarda silenciou-se e isso deixou-me pensativo. Enquanto percorria o corredor que me levava à sala de visitas, a meu cérebro examinou todas as hipóteses de tal circunstância ser possível.

- Oh, deve haver um equívoco, os meus pais estão m... – o meu discurso fora interrompido pela imagem assombrosa dos meus progenitores, que se mantinham com um aspecto saudável e...vivo!
- Pai...mãe!... – balbuciei incrédulo. Depois sorri, por os ver ali (com vida), na minha presença. Por outro lado, havia uma dúvida pavorosa que me martelava o espírito – Quem tinha eu assassinado, afinal?...

A minha mãe estava com um ar de quem não dormia há algumas noites. Pegou no auscultador desferiu-me um olhar de franca piedade.
- Porque fizeste aquilo, meu filho? – Indagou ela com tom carregado.
- O que fiz eu?... – Perscrutei inocentemente. A minha franqueza levou-os a pensar que eu estava louco.
- Entraste na nossa casa, e apunhalas-te os teus tios que tinham sido convidados para passar uns dias lá em casa. – Afiançou o meu pai com bastante frieza.
- Eu?...
- Sim. Eu e o teu pai estávamos na cozinha, e eles andavam lá por casa...mas quando tudo aquilo começou a acontecer, escondemo-nos na dispensa com medo. Meus Deus, filho! Porque fizeste aquilo?...Ainda tivemos tempo para fechar o gás, senão também não estaríamos aqui! – Proferiu a minha mãe entre soluços.

Após escutar as palavras da minha mãe, senti o sangue a enregelar-se-me nas veias.

Levou-me algum tempo até eu compreender o que realmente tinha feito. – A falta de lucidez causada pelo álcool, levara-me à perturbação dos meus sentidos. Agora seria loucura falar dos meus pensamentos, pois tudo deixara de fazer sentindo, excepto o terror de ter de enfrentar estas barras de aço por onde espreito todos os dias, para me recordar que existe um mundo aí fora, muito diferente deste que eu enfrento todos os dias com grande amargura. - Oh Ângela, meu amor – Berro eu todas as noites do fundo deste “inferno”, que é o meu calabouço...
Mas a minha querida Ângela nunca me respondeu.




Um comentário:

Henry Evaristo disse...

É isso aí, companheiro! Muito bom conto, com uma força diabólica que salta aos olhos e outra ainda mais terrível que reside nas entrelinhas! Aparabens! E vamos a diante com esta nossa luta pela boa literatura fantástica!

LÊ AGORA!

A Rainha dos Pantanos - Henry Evaristo

Virgílio - Henry Evaristo

UM SALTO NA ESCURIDÃO - Henry Evaristo publica seu primeiro livro

O CELEIRO, de Henry Evaristo

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