Pegue o Glam Rock, especialmente David Bowie. Misture, na seqüência, o estilo do Roxy Music. Para temperar, use o Kraftwerk como referência. O que se obtém no final? Sim, o synth pop, estilo que surgiu no finalzinho da década de 70, início dos 80, e se ramificou por várias áreas da música. O Synth Pop, como gênero, é aplicado à New Wave, porém as especificações do synth pop são um pouco separadas demais para incluir no estilo que mais tarde consagrou o B`52s, por exemplo.
Soft Cell, A Flock of Seagulls, Eurythmics, Human League, Depeche Mode, Gary Numan, Devo, Duran Duran e porque não, um pouco de New Order também – mas bem pouco, ok?. Estas bandas podem ser citadas como talvez as mais influentes do gênero, mesmo que mais tarde a carreira delas tenham tomado rumos um pouco mais alternativos ao synth. Mas vamos ao que interessa, a princípio. O que faz o synth pop ser tão bacana? Em parte já explicado logo na abertura deste texto, a influência de David Bowie e Roxy Music são cruciais. Mas o grande filão da história é mesmo o Kraftwerk, o pai da música eletrônica.
Neste contexto é que as bandas puderam ousar, transformar o que ouviam quando ainda moleques e modelar à nova atitude que o grupo alemão legou. Sons, barulhos, bateria eletrônica, muito, muito sintetizador, repetições, efeitos. Esta era a tônica do synth pop originalíssimo. Tudo isto misturado com algo que poderia ser tocado nas pistas de dança, que então era inundada pela disco norte-americana. Portanto, é óbvio, o synth pop foi uma reação européia ao dance do Tio Sam.
O disco que moldou este gênero chama-se "Some Bizzare Compilation" de 1981, sendo inclusive o álbum que consolidou o surgimento de uma das mais interessantes gravadoras do mundo, a Mute. Grupos como Depeche Mode, The The e Soft Cell apareceram e conquistaram legiões de fãs. Porém, das inúmeras bandas que estavam ali usando seus teclados para canções de três minutos recheado de pop, muitas se resumiram em apenas uma canção de relativo sucesso. Foram descartados rapidamente, como exige a moda. Outros tantos resolveram mudar um pouco o enfoque para sobreviver, caso do Duran Duran que voou rapidinho para a outra vertente, a do New Romantics.
Mesmo que 1984 tenha sido o ano oficialmente da "morte" do synth pop, hinos foram legados: Tainted Love (Soft Cell), I Ran (A Flock of Seagulls), Don`t You Want me (Human League), Just Can`t Get Enough (Depeche Mode), Sweet Dreams (Eurythmics), Cars (Gary Numan), entre tantas outras, que seria realmente muito fácil listar.
E por que o synth pop é bom? Primeiro, a maneira que foi introduzido os teclados à música, com total soberania sobre os demais instrumentos. Se o punk rock, um pouco antes, havia destruído o conceito de elaboração musical, o synth dava a opção completa aos músicos dispensarem as cordas e a bateria acústica. Inclusive, apenas uma pessoa poderia ser a banda. O aparelho em questão, os keyboards, eram relativamente baratos na Inglaterra, coisa que ajudou a proliferar o surgimento de bandas. Mais. O synth pop, apesar de tudo, popularizou o homossexualismo, como um dos temas nas letras e até no estilo.
Neste aspecto, o que se deve levar em consideração é que quase todas as bandas eram compostas exclusivamente por gays. O Depeche Mode, por exemplo, tem uma canção desta época onde cantam que "garotos encontram garotos e ficam juntos". E não fica nisto. Todos, absolutamente todos, tinha visuais bizarros, mistura de transformismo, com um gosto duvidoso, saias prateadas, maquiagem carregada. Tudo o que, futuramente, foi parte integrante da moda na década de 80, que causou frisson entre os jovens da época, inclusive com muito das bandas adotando ou sendo adotadas por estilistas.
O Synth Pop, original, durou pouco, pouco menos do que cinco anos. Mas seu surgimento foi o responsável pelo boom pop que surgiu na seqüência, ou então pelas inúmeras bandas que até hoje fazem sucesso. Boa parte delas fugiram da maneira de se criar com teclados. Deixaram um pouco o estilo cru, que dava aquela intenção de punk, para adotar mais elaboração. Hoje, inclusive, o Depeche Mode se rendeu às guitarras e à bateria. Mas não importa. Foram também um dos mentores deste estilo musical, que vários grupelhos da atualidade - Ladytron, incluso por sinal - tentam copiar sem a mesma criatividade mas que ao menos recolocaram este gênero como uma opção inteligente para a música eletrônica.
(Por Danilo Corci)
"EXTRAIDO NA INTEGRA DO SITE: http://www.dropmusic.com.br/"
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